Como produzir as próprias sementes de hortícolas. Veja os 8 conselhos que temos para si

O sucesso das sementeiras depende em grande parte da qualidade das sementes utilizadas. Podemos escolher as variedades que mais gostamos e que muitas vezes não encontramos facilmente em comercialização.

Obter as próprias sementes não passa apenas por retirar as sementes das colheitas anteriores e guardar. Nem sempre podemos ter sucesso, mas vale a tentativa e a experiência para irmos sempre melhorando.

Produzir as suas próprias sementes é uma prática muito recorrente na produção biológica e que limita a utilização de fatores de produção externos, no que respeita aos princípios específicos da atividade agrícola.

Conselhos de como produzir as suas próprias sementes de hortícolas

  1. Uma boa planificação: Escolha as variedades rústicas, locais, resistentes às adversidades do solo, do clima e a nível de pragas e doenças. Se está a começar, inicie-se também pelas variedades que conhece.
  2. Tenha a sua horta bem cuidada, ou seja com a fertilização do solo adequada, regas e práticas culturais como as consociações, rotações culturais, instalação de sebes, uma boa gestão de pragas e doenças, etc. Afinal estará a cuidar de algumas futuras «plantas-mãe», de onde serão retiradas as sementes, pelo que é importante que estejam saudáveis.
  3. Uma boa seleção: Colher as sementes quando estiverem em perfeita maturação, selecionando exemplares saudáveis, vigorosos e com os carateres originais da planta mãe.
    • No caso de espécies como as abóboras, pepinos, meloas, tirar as sementes dos frutos em perfeita maturação e guardar depois de secas.
    • No caso de couves, nabos, alhos, cebolas, acelgas, beterrabas, selecionar os exemplares mais vigorosos e colher o fruto quando este estiver seco, antes da sua abertura.
    • No caso das alfaces e chicórias devem-se retirar as sementes das plantas mais vigorosas e mais lentas a espigar
    • No caso do feijão, favas e outras vagem, devem ser retiradas as primeiras vagens que se formam quando completamente secas.
    • No caso do feijão, tomate e beringela, retirar as sementes mais pesadas dos frutos mais precoces e bem maduros e deixar secar bem antes de guardar.

4. Efetuar uma limpeza adequada: retirar sementes que não estejam em bom estado, sementes de outras espécies, nomeadamente de ervas daninhas, retirar objetos estranhos envoltos às sementes. Esta é uma triagem importante para o sucesso da sua sementeira.

5. Providenciar um bom armazenamento: Conservar as sementes em local fresco e seco ao abrigo do ar, da luz e da humidade e protegidos de insetos e roedores. Podem-se usar sacos de papel, frascos de vidro, caixas de cartão, caixas de madeira e latas. Existem algumas técnicas usadas para repelir determinadas pragas, como por exemplo ramos de loureiro, ramos de eucalipto, e algumas sementes podem ser armazenadas no congelador.

6. Etiquetar corretamente a embalagem: nome da variedade, data de colheita. Escreva a lápis numa etiqueta de papel por exemplo. Pode por exemplo numerar as etiquetas e anotar num caderninho mais informação sobre estas variedades (observações suas ou cedidas por outros)

7. Ter em atenção a duração média de vida das sementes Ao fim de alguns anos as sementes reduzem o seu poder de germinação, não significa que não possam germinar mas a taxa de sucesso será cada vez menor. Esta duração média varia com as espécies,  basta fazer uma pequena pesquisa.

8) Comece com pouco. Se não tem muita experiência comece com poucas variedades e pelas que já tem e  pelas que têm maior capacidade de sucesso. Aventure-se depois pelas espécies diferentes. Pode parecer simples produzir as próprias sementes, mas importa frisar que o resultado só se vê depois da nova sementeira. Além de se gastar tempo, também se gasta substrato, composto e até podemos perder uma época de sementeira. Cada caso é um caso, pelo que voltamos ao primeiro conselho (uma boa planificação)

Bibliografia:

Regulamento (UE) 2018/848

Claude-Rodet, Jean e Pereira, Leonel, Manual Prático de Horticultura Biológica, Saúde Atual, 1ª Edição, 2015.

Foto: Pixabay

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