As variedades regionais desempenham um papel essencial na agricultura biológica por várias razões ecológicas, económicas e culturais. A seguir, destacamos 8 aspetos desta importância:
1. Adaptação ao Clima e ao Solo Local
As variedades regionais estão naturalmente adaptadas às condições edafoclimáticas (clima, solo e ambiente) da região onde evoluíram. São mais resistentes a stresses abióticos, como secas, inundações ou variações de temperatura, o que lhes permite um melhor desempenho sem recorrer a insumos externos, como fertilizantes químicos ou irrigação intensiva.
2. Resistência a Pragas e Doenças Locais
Dado que estas variedades se desenvolveram em interação com o ecossistema local, possuem maior resistência a pragas e doenças típicas da região. Na agricultura biológica, onde o uso de pesticidas químicos é restrito ou proibido, esta resistência natural é essencial para garantir a saúde das plantas e a sua produtividade.
3. Preservação da Biodiversidade
A agricultura biológica visa conservar a biodiversidade, sendo o uso de variedades regionais crucial nesse contexto. Estas variedades ajudam a manter uma maior diversidade genética nas culturas, o que é fundamental para a resiliência dos sistemas agrícolas face a alterações ambientais ou novas pragas.
4. Melhoria da Qualidade do Solo
As variedades regionais estabelecem, muitas vezes, relações simbióticas mais eficazes com os microrganismos do solo, como fungos micorrízicos e bactérias fixadoras de azoto. Esta interação melhora a fertilidade e o equilíbrio do solo, o que é vital para a sustentabilidade da agricultura biológica.
5. Preservação do Património Cultural e Alimentar
As variedades regionais fazem parte do património agrícola e cultural das comunidades. O seu uso e preservação ajudam a manter tradições alimentares e gastronómicas locais, promovendo produtos com características únicas de sabor, textura e qualidade que as distinguem das variedades comerciais.
6. Redução da Dependência de Fatores Externos
Ao utilizar variedades adaptadas localmente, os agricultores reduzem a dependência de sementes comerciais, fertilizantes e pesticidas. Isto diminui os custos de produção e promove a autonomia dos produtores, contribuindo para a sustentabilidade do sistema agrícola.
7. Promoção da Soberania Alimentar
O uso de variedades regionais na agricultura biológica reforça a segurança alimentar e a preservação da diversidade genética. Os agricultores podem escolher e preservar sementes adequadas ao seu ambiente e cultura, em vez de dependerem de variedades uniformizadas promovidas pela agricultura industrial, garantindo maior autonomia às comunidades.
8. **Resiliência às Alterações Climáticas**
As variedades regionais são fundamentais para enfrentar as alterações climáticas, pois a sua diversidade genética oferece maior flexibilidade perante condições extremas ou imprevisíveis. Ao estarem adaptadas localmente, estas variedades têm maior capacidade de resistir a variações de temperatura e precipitação, ajudando a mitigar os impactos das alterações climáticas na produção agrícola.
Em suma, a utilização de variedades regionais na agricultura biológica não só contribui para a sustentabilidade ambiental, como também fortalece as comunidades locais e preserva o património cultural e alimentar de uma região.